domingo, 25 de setembro de 2011

Tempo Em Toledo

Hoje é nosso último dia em Madrid. E como tínhamos combinado, iríamos para Toledo. Mas a dona dos planos aqui acabou não se programando muito bem.  Pesquisando ontem sobre como ir de Madrid para Toledo, vi que tínhamos que comprar com antecedência a passagem de trem para lá. Entrei no site da RENFE para comprar, mas acabei não conseguindo, resolvemos ir de manhã cedo para lá para comprar diretamente as passagens.

Estação de Trem De Atocha - Madrid
Óbvio que isso não deu certo... Chegamos lá na estação de trem (que está integrada com o metrô, logo é bem fácil de chegar lá), tivemos que enfrentar uma fila imensa, daquelas tipo de exame de sangue, em que você tem que pegar senha para se atendido.Chegando no caixa, o carinha nos diz só tem horário para  12:20. O que nos deixou bem frustradas, pois nosso plano era passar a manha e um pedacinho da tarde em Toledo, voltar lá pelas 4 da tarde, e ver o Thyssen aqui em Madrid.

Mas nada como uma nova mudança de planos... Fizemos tantas nessa viagem não é?  Resolvemos fazer o contrário: ver o Thyssen de manhã, e iríamos a Toledo a tarde. Porque não?

Na Ruas de Madrid
Compramos nossas passagens, e partimos para o Museo Thyssen-Bornemisza. Que tem uma história bem legal, de amor a arte. Um homem muito rico, o alemão Barão Heinrich Thyssen-Bornemisza, começou a colecionar obras de arte do início do século XX, dos anos de 1920. Após sua morte, seu filho, aumentou a coleção, tornando-se uma das maiores coleções particulares do mundo! No final dos anos 1980, a família havia em prestado quase 800 telas ao governo da Espanha. Com a morte do filho do barão Thyssen-Bornemisza, o governo adquiriu por cerca de 350 milhões de Euros (!!!!), as telas doadas, um valor simbólico, pois todas juntas valeriam mais de 1 bilhão (bilhão!!!!!!!) de Euros.

E vou te dizer uma coisa, sem dúvida, foi o melhor museu de todos os que fui aqui na cidade! Até mais que o da Reina Sofía (foi mal rainha... mas preferi o do barão rs). Tem quadros dos impressionistas que eu amo, como Monet, Renoir... Algumas artes mais modernas, alguns expressionistas bem interessantes. E, claro, algumas obras de Goya, entre outros que já cansei de ver (foi mal Goya =P), pois todas são extremamente religiosas e, 2 semanas só falando de religião e suas batalhas, cansei de ver a adoração exacerbada dos cristãos rs.

Fuente de Neptuno
Infelizmente, no pictures dentro do museu... como eu queria tirar fotos das telas de Monet, as de Renoir estavam fantásticas! E umas que eu gostei muito! Tinha até um de Pollock lá, mas ainda não na fase que eu gosto. Mas como nunca tinha visto nenhuma ao vivo e a cores, valeu apena ;)

Depois do museu, fomos direto para a estação de trem. Uns 15 minutos andando do museu, uma caminhada bem agradável, pois se desce o Passeio Del Prado todo, uma avenida bem grande toda arborizada.  

Pegamos o trem, infelizmente não posso dizer se o caminho é bonito ou não rs, pois assim como antes, estávamos beeem cansaditas. Dormi a viagem inteira. O que não é muito, uns 30 minutos mais ou menos (de trem de alta velocidade lógico).A primeira coisa interessante em Toledo, é a estação de trem, poderia ficar horas tirando fotos de cada detalhe, toda com características mouriscas. Muito linda! E como a maioria das cidades que visitamos, ela teve uma relação muito íntima com os muçulmanos. Sua história é bem interessante:

Estação de trem de Toledo
Toledo, antes conhecida como Toletum pelos romanos, foi uma  cidade muito importante, pois teve permissão para cunhar suas próprias moedas. Algumas partes de sua muralhas dos tempos dos romanos ainda estão de pé. Nas no século VI os Visigodos tomaram a cidade e a transformaram em capital no lugar de Sevilha. Mas aí os muçulmanos também no século VI pegaram a cidade, que por muito tempo foi um centro de cultura, e a base do poder político. Mesmo com a reconquista pelos cristãos, ela se manteve com um rico papel cultural, pois incrivelmente as três religiões conviviam juntas (o.O). Mas com as maluquices da inquisição espanhola, os judeus foram expulsos da cidade, e toda a tradução do conhecimento dos muçulmanos e judeus para o latim e castelhano cessou. A cidade foi decaindo, perdeu sua reputação de produtora de armaduras e aço de qualidade. Hoje em dia se mantém principalmente com o turismo devido a sua proximidade com Madrid (por isso não conseguimos comprar as passagens pra hora que queríamos!!!)

Catedral de Toledo
Mas voltando as nossas confusões, chegando lá, fomos para o centro de informações turísticas, mas todos do trem tiveram a mesma ideia, e estava lotado! com fila de umas 10 pessoas. Resolvemos ir na cara e na coragem para o centro histórico.Não é difícil, ao lado da estação você pega o onibus 62 que te deixa na cidade, só que as apressadinhas aqui saltaram na porta da cidade histórica, sem mapa, e não sabíamos que direção tomar... E pra piorar, a cidade é toda em ladeira, e passa carro! E os carros, diferente de qualquer outro lugar da Espanha, não dá preferência ao pedestre, e as ruas são estreitas. Portanto, tome cuidado com os carros em Toledo.
Detalhe dos bancos do Coro, cada assento tem uma ilustração diferente!
Resolvemos que nosso primeiro ponto seria a Catedral, pois conseguíamos ver sua torre lá debaixo do centro histórico. Penamos, nos perdemos, mas chegamos e ainda conseguimos passar num centro de informações turísticas no meio do caminho e conseguimos um mapinha XD.  Não é barato entrar lá não, foram € 7,00 rs. Realmente, o dinheiro, em teoria vai para a manutenção e restauração da igreja e suas obras de arte. E a igreja realmente é grandiosa. Levou 200 anos para ser construída e pra variar, antigamente era uma Mesquita. Seus vitrais são lindos, mesmo com temas cristãos. E uma tem algumas curiosidades nela, como o espaço do coro, que em seus bancos de madeira está entalhada a história da reconquista pelos cristãos e que ela é uma das poucas igrejas do mundo em que a missa é celebrada no idioma moçarábico (não me pergunte quem falava isso...). Além disso tudo, ela abriga um ostensório do século XV de mais de 200 kg todo feito como ouro que Colombo trouxe do nosso continente (ladrõezinhos.... tsc tsc).

Ostensório na Catedral de Toledo
Enquanto estávamos dentro da igreja, percebemos que tínhamos pouco tempo para visitar a cidade, pois nosso trem partia as 17:20. Então fizemos um plano: ainda tínhamos uma hora e meia, resolvemos que veríamos o bairro judeu ou como é conhecido, o Barrio Sefardí. Mas, como a nossa saudosa amiga dona GPS, somos duas perdidas, e obviamente nos perdemos no meio de suas ruazinhas, sem nome sem referencia. Afff uma tristeza. E o tempo correndo... E novamente viramos o coelho da Alice.  O bairro judeu possui duas das suas onze sinagogas. Com o tempo curto, só tivemos tempo de visitar uma, a Sinagoga Del Tránsito, do século 14, onde também está o Museo Sefardí, que mostra objetos que os judeus usavam naquela época.  A sinagoga é muito bonita, tem um estilo meio mourisco, com suas janelas e trabalhos nas paredes.  Possui um jardim da memória, muito calmo, mas também bem pequenino. O museu tem umas peças bonitas, mas não tem nada demais. Mas vale a visita, para conhecer um pouco da cultura judia. 

Sinagoga del Tránsito
Saindo da sinagoga, começou a confusão: eram 16:45 e estávamos muuuito longe do local para pegarmos onibus de volta, e não fazíamos a minima ideia de como chegar lá. Resolvemos voltar para a Catedral de onde saímos e de lá ter uma referência, pois a maioria das ruas não tem o nome escrito nas esquinas! Juro, mas juro que eu achei que íamos perder o trem de volta. Mas depois de muita correria conseguimos pegar o onibus e pegamos o trem em tempo. Ufa! Foi emocionante. Eu com o mapa, tentando ver aonde estávamos, a minha mãe tentando ver que rua estávamos. Foi uma loucura, quase ferrei meu joelho, mais do que ele está ferrado rs. 

Depois dessa correria em Toledo, fomos para o hotel. Fazer as malas.. irc! Mas no meio do processo, uma paradinha para jantar. Fomos comer ali perto mesmo, pois estávamos bem cansadas no nosso tempo de correria em Toledo. Fomos para a Puerta Del Sol, lá ficamos sentamos em um restaurante chamado Meson 5 Jotas, comemos uma Tortilha Espanhola que estava uma maravilha, e para acompanhar, uma banda de Mariates incansáveis, pois estávam cantando na praça há horas rs. Terminamos de comer e eles ainda estavam lá. E, demos fim a nossa viagem para Madrid. ;)

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